Júlia estava entediada até que sua avó a convidou para explorar o sótão. Lá, uma caixa cheia de objetos antigos se transforma em portais para memórias e invenções. Esta história infantil sobre criatividade e curiosidade revela como a imaginação pode transformar qualquer dia comum em uma grande aventura.
Aperte o play para ouvir a história
Na sala de casa, Júlia estava jogada no sofá, com as pernas por cima da almofada e um suspiro comprido saindo do nariz.
— Estou entediada — disse, pela terceira vez naquela manhã.
A avó, que tinha vindo passar uns dias com ela, levantou os olhos do tricô e pensou por um instante. Depois sorriu.

— Já ouviu falar da caixa do sótão?
— Que caixa? — perguntou Júlia, sem muita vontade.
— Uma caixa velha, cheia de coisas esquecidas. Vamos lá ver?
Júlia encolheu os ombros, mas seguiu a avó até o fim do corredor. Subiram os degraus da escada estreita que levava ao sótão, e o ar ali era mais frio e cheirava a madeira antiga.
No canto, havia uma caixa grande, coberta por um pano de retalhos. A avó puxou o pano e tirou a tampa. Lá dentro, estavam espalhados objetos de todos os tipos: uma lupa arranhada, uma boneca de pano, cartas com letras tortas e envelopes amarelados.
Júlia ficou olhando, sem saber por onde começar.
— Pode mexer — disse a avó. — Cada coisa aí tem uma história.
Júlia pegou uma bússola que não apontava para lugar nenhum.
— Isso aqui funciona?
— Funcionava. Era do seu bisavô. Ele adorava se perder no mato pra depois se encontrar com ela.
Júlia segurou a bússola como se fosse feita de ouro. Depois achou um caderno de capa dura, com páginas manchadas e desenhos coloridos nas bordas.
— Esse era o diário da minha mãe — contou a avó. — Ela escrevia o que acontecia quando era pequena… e também inventava histórias de mentira no meio.
Júlia se sentou no chão de madeira e começou a ler. Esqueceu do frio, do tempo e do tédio. As palavras pareciam pequenas portas, e ela ia entrando por elas.

Leu sobre um dia em que a bisavó tentou pescar sapos achando que eram peixes. Leu sobre uma cabana que só existia na cabeça dela, mas que tinha mapa e tudo.
Quando terminou a primeira página, pegou outra coisa da caixa. Um binóculo quebrado. Uma pulseira feita de linha. Um botão de paletó que vinha com uma carta dobrada ao lado.
Passou a tarde ali, espalhada no chão, perguntando, ouvindo, inventando.
No dia seguinte, Júlia chamou dois amigos para brincar.
Espalhou os objetos da caixa sobre um lençol no quintal e explicou tudo com empolgação: quem era o bisavô, o que tinha no diário, e como a bússola agora apontava para “lugares secretos”.
— Aqui vai ser a entrada da floresta. E esse botão… é a moeda para passar!
Eles criaram caminhos com pedras, esconderam pistas nos vasos de planta e usaram o binóculo para procurar “bandidos invisíveis” do outro lado do muro.

Júlia corria de um lado para o outro com as folhas do diário nas mãos, como se fossem um mapa de verdade.
Quando a avó apareceu na porta da cozinha, Júlia gritou de longe:
— Hoje a gente encontrou um baú enterrado no jardim! Amanhã vamos caçar os sapos-peixes!
A avó riu. Os amigos também.
E Júlia nem lembrou que, um dia antes, estava dizendo que não havia nada para fazer.
A partir daquele dia, Júlia nunca mais reclamou de tédio. Ela sempre encontrava algo interessante para fazer, seja explorando o passado de sua família ou inventando novas histórias. Ela aprendeu com sua avó que a diversão está em todos os lugares, basta procurar com curiosidade e criatividade.
Olá, famílias criativas!
Esta história nos lembra do poder da imaginação e do valor das memórias compartilhadas entre gerações. Ao transformar objetos esquecidos em brincadeiras incríveis, Júlia mostra como a criatividade nasce do olhar curioso e do afeto.
Palavras Diferentes
- Sótão: Um espaço que fica no andar mais alto da casa, geralmente usado para guardar coisas antigas.
- Retalhos: Pedaços de tecidos diferentes costurados juntos.
- Bússola: Um instrumento usado para indicar direções.
- Inventar: Criar algo novo com a imaginação.
- Explorar: Procurar e descobrir lugares ou coisas novas.
Conversa Após a Leitura
Vamos conversar sobre a caixa do sótão da Júlia?
- O que Júlia estava sentindo no começo da história?
- Como a avó dela ajudou a transformar o tédio em diversão?
- Qual objeto da caixa você achou mais interessante? Por quê?
- O que você gosta de inventar ou imaginar quando está brincando?
Esse tipo de conversa incentiva a criança a valorizar a curiosidade, os vínculos afetivos e a criatividade no cotidiano.
Atividades Práticas
1. Criar uma Caixa das Memórias e Aventuras
Convide a criança a montar sua própria caixa inspirada na de Júlia.
Separem juntos uma caixa de papelão e encham com objetos que tenham histórias ou que possam inspirar brincadeiras: uma concha da praia, um botão colorido, uma foto antiga, um brinquedo esquecido. Em seguida, inventem juntos aventuras com esses objetos.
Para grupos, cada criança pode trazer um objeto de casa para compor uma caixa coletiva.
2. Fazer um Diário Ilustrado de Histórias Inventadas
Assim como a bisavó de Júlia, a criança pode criar um caderno especial.
Em cada página, ela pode desenhar e escrever (com ajuda, se necessário) uma história misturando lembranças reais e partes inventadas. Use lápis de cor, colagens, carimbos…
Para crianças pequenas, ditar as histórias para um adulto escrever é uma ótima forma de valorizar suas ideias.
3. Montar um Mapa de Lugares Imaginários
Usando papel kraft ou cartolina, desenhe um “mapa secreto” com a criança.
Inspirem-se nos lugares mencionados na história: floresta, baú enterrado, bandidos invisíveis. Criem caminhos com pedras, árvores, cavernas e tesouros. Depois, brinquem de explorar esses lugares com brinquedos ou personagens feitos de papel.
Para grupos, montar o mapa no chão com fita adesiva e objetos recicláveis cria uma experiência ainda mais divertida.
Dicas Pedagógicas
• O tédio pode ser um convite à criatividade. Em vez de preenchê-lo com telas, ofereça materiais simples e tempo livre para imaginar.
• Resgatar objetos e histórias de família aproxima gerações e dá sentido afetivo às brincadeiras.
• Valorize as ideias das crianças, mesmo que pareçam “malucas”. A escuta atenta fortalece a autoestima criativa.
• Incentive brincadeiras simbólicas: montar cabanas, caçar tesouros, fingir que a colher é uma varinha…
• Estimule o registro das invenções com fotos, desenhos ou pequenos cadernos. Isso reforça a importância da expressão infantil.
Essa história infantil sobre criatividade e curiosidade nos inspira a olhar para os objetos do cotidiano com olhos novos — e ver que, com imaginação, até uma bússola quebrada pode apontar para aventuras incríveis.
Você também pode gostar de ler esta história sobre criatividade
Se a aventura de Júlia e sua avó te inspirou, vá se encantar com O Macaco Inventor, uma narrativa sensível e divertida sobre como ideias simples podem crescer quando compartilhadas e colocadas em prática com amigos. Uma lição sobre criatividade, trabalho em equipe e imaginação na vida real!
Leia agora a história O Macaco Inventor
Compartilhe esta história infantil sobre criatividade e curiosidade com outras famílias
Sabe aquela criança que sempre diz “estou entediada”? Esta história pode ser uma ótima inspiração! Compartilhe com outras famílias e incentive o brincar criativo, as conexões familiares e o prazer de inventar.